About Me

My photo
Fortaleza, Ceará, Brazil
Professor Doutor da Universidade Federal do Ceará. Radialista e compositor. Busco entender um pouco dos mistérios da existência. Nessa busca venho encontrando ciência, arte, amigos, novos caminhos, novas possibilidades.

Sunday, January 29, 2006

EDUCAÇÃO ESTÉTICA Pessoal do Ceará: trajetórias formativasda sensibildade





PEDRO ROGÉRIO







UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Mestrado em Educação Brasileira
Núcleo Educação Currículo e Ensino

PROJETO DE DISSERTAÇÃO

EDUCAÇÃO ESTÉTICA
PESSOAL DO CEARÁ:
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DA SENSIBILIDADE

PEDRO ROGÉRIO

Fortaleza - 2005


Projeto de Dissertação redimensionado como requisito para o processo de qualificação no Curso de Mestrado - Linha de Pesquisa: Educação, Currículo e Ensino do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da UFC

S U M Á R I O

1. APRESENTAÇÃO
1.1. Ampliação do conhecimento pedagógico através da sensibilidade
1.2. Arte: Dom ou construto social?

2. JUSTIFICATIVA
2.1. Relevância social do Pessoal do Ceará
2.2. Formação da sensibilidade

3. PROBLEMATIZAÇÃO
3.1. Hierarquia disciplinar nos currículos
3.2. Relações de poder no currículo
3.3. Sala de aula: obrigação versus mídias: prazer

4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
4.1. Formação estética do Pessoal do Ceará: uma sociologia do gosto

5. OBJETIVOS DA PESQUISA
5.1.Geral
5.2. Específicos

6.QUADRO TEÓRICO
6.1. A função das teorias
6.2. Qual o melhor conhecimento?
6.3. Educação: um fenômeno complexo

7. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE INVESTIGAÇÃO
7.1. Referencial metodológico da investigação
7.2. O universo a ser pesquisado
7.3. Os sujeitos da pesquisa
7.4. Procedimentos e Instrumentos de Investigação
7.5. As formas de registro
7.6. Análise dos dados
7.7. Material a ser utilizado

8. CRONOGRAMA

8.1. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


EDUCAÇÃO ESTÉTICA
Pessoal do Ceará: Trajetórias formativas da sensibilidade

1. APRESENTAÇÃO

“Para saber, para fazer, para ser ou para conviver
todos os dias misturamos a vida com a educação”
(Pimenta e Anastasiou, 2002)


A proposta dessa pesquisa está descrita em seu subtítulo: Compreender a formação de um grupo de artistas que ficou conhecido, nos anos 70, como Pessoal do Ceará; ou seja, a pergunta central, que se desenrolará em muitas outras, é: Qual currículo - ou quais currículos - percorreram esses artistas? Lembrando Tomaz Tadeu da Silva:

O Currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade. (SILVA, 2003:150).

É possível ainda perguntar da seguinte forma: Como esses artistas se tornaram artistas? O que conseqüentemente suscita outras perguntas mais: Como se dá a formação da sensibilidade? Como a sensibilidade do ser humano é forjada? Como a educação trabalha esse aspecto da formação humana? Qual o papel da escola nesse processo educativo? Qual a importância da sensibilidade no processo de ensino-aprendizagem na sala de aula? Em que medida a educação formal corroborou para o desenvolvimento de suas artes? Qual o papel da estrutura política - lembrando que era um período em que os brasileiros estavam sob o regime militar – em suas criações? Como outras linguagens artísticas - cinema, artes plásticas, música dos anos 40, 50 e 60 - influenciaram o imaginário desses artistas? Qual a influência do ambiente acadêmico em suas obras – visto que um dos pontos de encontro de grande importância no processo criativo era o Diretório Acadêmico da Arquitetura?



— Ampliação do conhecimento pedagógico através da sensibilidade

Parte-se da premissa de que é importante para a dinâmica pedagógica ampliar o conhecimento sobre a dimensão da sensibilidade, dos sentimentos, das sensações, das percepções. Essas são dimensões finas do saber humano que se formam de maneira peculiar em cada indivíduo, não obstante, é também peculiar ao contexto histórico e social.
A trajetória formativa do grupo de artistas que ficou conhecido como Pessoal do Ceará pode ser um bom objeto de análise visto que seu ápice ocorreu na década de setenta. Dessa forma, por um lado é um período cujo passado permite uma visão da trajetória dos componentes desse grupo; e por outro lado não é um passado tão distante do qual não se possa encontrar suas fontes; pelo contrário a maior parte dos integrantes desse grupo é acessível e com eles, certamente, toda uma documentação de suas trajetórias, além de seus depoimentos.
A maior parte dessa geração nasceu entre o final da década de 30 e começo da década de 40, e suas criações começaram a tomar forma e ganhar alguns espaços públicos - como o Diretório Acadêmico de Arquitetura da UFC – em meados da década de 60 quando muitos dos integrantes cursavam diversas graduações na UFC. Compreende-se que a formação do universo simbólico dos seres humanos se dá especialmente na infância e na adolescência fases em que o desenvolvimento da sensibilidade certamente encontra maior valor, muito embora não se limite aos mesmos. Assim, será objeto de análise a formação desses artistas no contexto social envolvendo o período em que cursavam os dois últimos anos do ensino médio e os dois primeiros da graduação, quando os sujeitos da pesquisa estavam nesse rico período de formação.[1]

Que as pessoas – ao contrário das bolas de bilhar – evoluem e mudam nas suas relações mútuas e através delas é um fato que pode não ficar muito claro enquanto pensarmos exclusivamente nos adultos, cujo caráter e cujas estruturas de consciência e instinto se tornam mais ou menos fixos. (ELIAS, 1994:30).

Para entender o conjunto estético do Pessoal do Ceará é preciso buscar o olhar do “eu” desses artistas, os seus desejos, as suas fantasias, e como foi se definindo esse imaginário de acordo com seus desenvolvimentos sociais. Assim como Elias indagou ao buscar compreender Mozart: “É preciso indagar o que esta pessoa considerava ser a realização ou o vazio de sua vida.” ( ELIAS, 1995:10).

Compreender que a estrutura social impele um grupo de artistas numa determinada direção, por um lado limitando suas ações, mas que por outro lado não as determinam completamente, se leva a querer entender porque tomaram o rumo que tomaram, na qualidade de grupo, e não outro, porque fizeram as opções estéticas que fizeram e não outras. Para isso concordamos com o que aponta Elias:

Para se compreender alguém, é preciso conhecer os anseios primordiais que este deseja satisfazer. A vida faz sentido ou não para as pessoas, dependendo da medida em que elas conseguem realizar tais aspirações. (ELIAS, 1995: 10).

— Arte: Dom ou construto social?
É possível imaginar de duas formas o florescer da arte; a primeira pode partir da premissa que a arte é uma dádiva de Deus, da natureza ou um dom estando para além de qualquer possibilidade de entendimento racional sobre sua origem. Mas, ainda assim, esse pensamento não anula a pergunta sobre porque um artista escolhe uma ou outra forma de expressão, e um ou outro estilo. Lembre-se dos anos 30 e 40, conhecidos como a época de ouro[2] do rádio no Brasil quando, entre outros grupos, surgiu As Cantoras do Rádio[3]. É inevitável a constatação de que um grupo que exalta o rádio, uma tecnologia historicamente datada, escolheu esse tema - em um momento em que esse equipamento de última geração, para a época, é utilizado como símbolo da unidade nacional - pela aceitação social do mesmo. Já nos anos 80, o cantor, compositor e músico Lobão[4] grava Rádio blá[5], onde diz na letra: (...) Eu ligo o rádio e blá, blá... blá, blá, blá, blá, eu te amo (...) em um momento onde proliferam as rádios FM (freqüência média) e a indústria fonográfica investe maciçamente no rock nacional. É também dessa época o grupo que ficou conhecido como Rádio Táxi[6]. Ainda que se parta da premissa que a arte é um dom divino, não se pode imaginar a forma de expressão escolhida pelo artista fora das condições historicamente situadas.
Como imaginar o surgimento das pinturas rupestres em plena revolução industrial; ou ainda imaginar a arte computadorizada antes do surgimento do computador? E é até possível; já que a história não é linear, encontrar tribos indígenas e africanas durante a modernidade européia; como também existem indícios de civilizações com desenvolvimentos muito avançados ainda por serem compreendidos nos dias de hoje, como é o caso do Império Inca, por exemplo, e Creta, como informa Arnold Hauser:

Creta brinda-nos com um quadro de vida livre, colorida, exuberante (...) Que liberdade na vida artística, em contraste com o convencionalismo opressivo do resto do mundo do Oriente antigo! Como explicar essa diferença? Existem muitas explicações possíveis, mas nenhuma delas é perfeita e convincente, devido sem dúvida, em primeiro lugar, à natureza até hoje indecifrável da escrita cretense (...) Havia uma grande variedade de tipos de comunidade urbana: além da capital e da sede da corte, Cnossos e Festo, havia típicas cidades industriais como Guernia e pequenas cidades-mercados como Preso (...) Creta não só estimulou a arte “modernista”, mas, em certos aspectos, até antecipou a moderna arte industrial. (...) (HAUSER, 1892:49-53).

Com essas considerações é possível verificar que o ser humano é historicamente situado e portanto etno e geograficamente contextualizado.
A segunda maneira de supor o surgimento da arte é no contexto dos vetores sociais e históricos como continuidade dos mesmos, reforçando-os e reproduzindo-os ou confrontando-os no embate com as forças sociais.

(...) toda obra de arte é resultado da tensão entre uma série de objetivos e uma série de resistências à sua realização – resistências representadas por motivos inadmissíveis, preconceitos sociais e incapacidade de julgamento do público, e objetivos que já assimilaram essas resistências ou então lhes opõem aberta e irreconciliavelmente. (HAUSER, 1892:28).

Logo, a segunda premissa é que a arte é um construto social que, dessa forma, nasce no seio da sociedade, forjada nas experiências, nas vivências.
Portanto é viável a formulação de uma série de questões que permitam analisar o fenômeno educativo da sensibilidade, que por vezes é esquecido. Esse esquecimento é fruto de um pensamento racionalista que não foi capaz de manter a integridade humana. O método científico legou à sociedade um progresso tecnológico magnífico, um desenvolvimento industrial sem precedentes e continua a provê-la de muitas maravilhas contemporâneas. Todo esse avanço, fundamentado na especialização, no domínio das partes de cada objeto a ser estudado, precisou fragmentar, recortar, procurar a partícula elementar, a mais simples possível, para então controlar a natureza. Porém, o ser humano não é um objeto simples; portanto as ciências humanas devem, no mínimo, estar atentas ao tratamento dado quando o seu objeto de estudo envolve o ser humano, que sente, se alegra, se entristece, se emociona, gosta e não gosta, deseja e sente repulsa, sonha, sente-se realizado ou se frustra etc. Lembrando, e sempre é bom lembrar, que não são sensações separadas, uma de cada vez, antes são multifacetadas, plurais, diversas, tratando-se portanto de um estudo rico.

2. JUSTIFICATIVA

— Relevância social do Pessoal do Ceará

Porque o Pessoal do Ceará? Para responder a essa pergunta é importante começar conhecendo o que é o Pessoal do Ceará.
É um grupo que nasceu do encontro de vários estudantes, artistas e intelectuais que se reuniam regularmente no Diretório Acadêmico do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará em meados dos anos 60. Outro importante ponto de encontro era o Bar do Anísio, que se situava na Av. Beira Mar, até hoje muito lembrado e citado pelos integrantes do movimento artístico aqui em questão.
Dessa movimentação artística, algum tempo depois, encontraram lugar na mídia, músicos, compositores e intérpretes como Raimundo Fagner, Ednardo e Belchior. Esses nomes, devido à projeção conquistada no país, deveriam constar nos currículos escolares visto que a rápida apreciação radiofônica ou como temas de novelas não favorecem uma reflexão crítica sobre suas obras. Porém, existem muitos outros artistas e intelectuais da música, das artes plásticas, do teatro, da literatura, que desempenharam papéis de fundamental importância para a formação da(s) identidade(s) cearense(s) daquela época.
Mil novecentos e setenta e três foi o ano de lançamento do LP (long-play) Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem, que recebeu como sub-título Pessoal do Ceará. Maracatu, rock-country, toada, balada, sonoridades psicodélicas, sertanejas, urbanas e praianas encontram-se harmonicamente lado a lado no citado disco. As poesias descrevem diversos cenários: do litoral ao sertão, passando pela região urbana. Encontram-se o amor, a filosofia, a crítica aos meios de comunicação e à política. A arte cearense conquista o sul maravilha nas vozes de Ednardo, Rodger de Rogério e Tetty.
Ednardo tinha sido aluno de Química da UFC. Rodger de Rogério foi professor de Física da mesma universidade e encontrava-se em São Paulo na qualidade de professor da USP. Tetty, além de uma afinação vocal privilegiada também se dedicou à maternidade de dois filhos com o Rodger: a Daniela Oliveira de Rogério e eu, Pedro Rogério. A casa em que morávamos acolhia boa parte dos cearenses que pela terra da garoa passavam. Antônio Carlos Belchior que primeiro chegou em São Paulo já conhecera Elis Regina que gravou em 1972 Mucuripe - parceria de Belchior com Fagner - e em um dos momentos mais brilhantes de sua extraordinária carreira, em 1976, gravaria, no disco Falso Brilhante, duas músicas do cearense de Sobral, Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida, ambas, letra e música de Belchior.
Portanto trata-se de um grupo que desenvolveu um trabalho que influenciou a formação da imagem que nós, brasileiros e em particular cearenses, fazemos de nós mesmos.
Somando à importância acima mencionada, a escolha desse grupo como sujeitos do objeto de estudo, se justifica por ter criado uma movimentação de relevância que compôs a sonoplastia de uma época que ganha uma outra forma de registro em nossa memória.

A conservação e a lembrança de fatos, acontecimentos, coisas, situações, etc. são facilitadas ou dificultadas por fatores subjetivos, tais como, importância pessoal ou social, significado emocional, afetivo ou intelectual, prazer ou dor, etc. do acontecido. A memória não é o simples registro no cérebro; é o registro com um sentido ou com um significado para nós e para os outros. (HAGUETTE: 1996:87)

É ainda oportuno o estudo da trajetória desse grupo, visto que o ambiente efervescente experimentado pelo Pessoal do Ceará revela múltiplas possibilidades para o entendimento dos problemas vividos à época, que sem aquela movimentação, o embate entre forças sociais discordantes ficariam acomodadas e embotadas pelo cotidiano.
Saber que o fenômeno educacional é multireferenciado, complexo e historicamente situado leva ao pensamento de que a possibilidade de mergulhar no universo das sensações e percepções dos integrantes de um grupo que se tornou uma referência importante na sociedade, como as mesmas foram se definindo em seus percursos, pode revelar partes importantes do fenômeno educacional que levem a uma compreensão mais profunda do que é o ser humano e como este flui nas relações interpessoais.

— Formação da sensibilidade
Com a análise da trajetória formativa do Pessoal do Ceará se conseguirá vislumbrar a dimensão da educação das percepções, da sensibilidade do homem, que poderá conduzir a um entendimento da educação estética. Esse aspecto educacional é de grande importância para o avanço dos estudos pedagógicos. Quando se fala de professor-aluno refere-se a encontros e reencontros entre pessoas que estão significando e ressignficando, a todo o momento, suas vidas.

Analisando as pesquisas com base nas tendências predominantes, observa-se que todas se voltam para a especificidade de seus respectivos campos e examinam temas como a relação professor-aluno, com destaque para a comunicação docente, o favorecimento da aprendizagem pela afetividade e a importância de uma relação dialógica. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2002:59).

A sala de aula não se reduz a quatro paredes, uma lousa ou um quadro branco, um professor e seus alunos. Essa configuração não atende às demandas dos que estão em processo de formação. As informações giram em uma velocidade alucinante, e se antes o aluno já não podia ser visto como um mero receptor, hoje essa realidade é irrefutável. O professor também está em contínua formação, ou pelo menos deve tomar essa postura, pois é salutar para o ambiente acadêmico e imprescindível para a atualização da sua profissão e para sua relação com aqueles com quem trabalha diariamente: os estudantes.
É necessário que os profissionais da educação, mormente os professores, compreendam como é formada a sensibilidade dos estudantes. O estudo da trajetória formativa do Pessoal do Ceará poderá revelar como esse processo aconteceu. O que, como e quem os levaram a desenvolver seus gostos, suas percepções e sensações.


3. PROBLEMATIZAÇÃO

— Hierarquia disciplinar nos currículos
Em uma escola, que por motivos éticos não citarei o nome, um problema incidental me revelou o pensamento da coordenadora a respeito da hierarquização das disciplinas curriculares. Essa coordenadora era professora de inglês e assumiu interinamente as funções da coordenação do ensino fundamental II. Ao final do primeiro bimestre atrasei a entrega de notas e relatórios que a escola exige para a entrega dos boletins dos alunos e fui “punido” com o trabalho de ter que arquivar as notas e relatórios nos boletins, que na verdade são pequenas pastas, onde cada disciplina tem uma ficha. Esse era um trabalho executado pela própria coordenação, cabia aos professores entregarem as notas e relatórios dentro do prazo determinado. Como a coordenação estava assoberbada com outras atividades típicas de final de bimestre das escolas, fui então convocado para realizar tal trabalho.
Essa era a primeira vez que tinha contato com as tais pastas[7] - não que o acesso às mesmas fosse proibido. Quando percebi a quantidade de fichas – já que é uma para cada disciplina e algumas contendo duas, contando com o relatório – e eu era o derradeiro a arquivar, verifiquei que a ficha da disciplina que sou responsável – música - ficaria em cima das demais, seria a primeira a ser vista, assim que os pais abrissem a pasta. Nessa escola, além de música, existem outras linguagens artísticas e outras disciplinas que fogem do tradicional, como trabalho de corpo, yoga, jardinagem, teatro, artes visuais entre outras; e as fichas dessas outras disciplinas estavam todas juntas sendo as últimas da pasta. Para evitar eventuais problemas perguntei se deveria colocar a ficha da disciplina de música ao lado das disciplinas de artes, ou se, por economia de tempo e esforço, eu poderia colocar logo em cima, ao lado das de matemática, português, inglês, ciências (biologia, química e física), história e geografia. A coordenadora me disse, de forma espontânea, que tinha organizado de maneira a deixar as disciplinas mais importantes na frente. Assim que ela terminou de falar, percebeu que eu era professor de música e que acabara de provocar um constrangimento entre nós. Ela sorriu, meio nervosa, e quando ela esperava uma reação agressiva de minha parte, eu disse compreendê-la, ainda que não concordasse, pois ela estava se balizando pelos conceitos ou preconceitos dos pais a respeito de uma hierarquização entre as disciplinas e esses, por sua vez, têm seus conceitos ou preconceitos formados por toda uma estrutura social e histórica a respeito do que é importante para uma escola eleger como prioridade para seus filhos.

— Relações de poder no currículo
Esse é um entre muitos outros exemplos, onde é possível perceber o descaso com outras dimensões da formação humana. A escola é o lugar próprio para desenvolver o exercício da reflexão, seu distanciamento de questões tão visivelmente importantes para a formação humana deixando de lado categorias importantes para a auto-reflexão não indica que seja mera coincidência.

Selecionar é uma operação de poder. Privilegiar um tipo de conhecimento é uma operação de poder. Destacar, entre múltiplas possibilidades, uma identidade ou subjetividade como sendo a ideal é uma operação de poder. (SILVA, 2003:16).

Por um lado a escola se preocupa em dar conta de um volume extraordinariamente grande nas disciplinas consideradas importantes, e que cresce a cada dia, a cada ano nas escolas; por outro lado a formação do gosto estético, musical, cênico, de texturas, sabores, odores, cores, formas ficam a cargo do mercado, que por sua vez domina os meios de comunicação de massa e passa a ditar os gostos da sociedade. Em geral essa dinâmica torna-se veloz, e imprime a cultura do descartável, que gera muito mais lucro.

Tempo e espaço foram de tal modo comprimidos pelos satélites de comunicações e pelos meios eletrônicos, assim como pelos novos transportes, que o tempo tornou-se sinônimo de velocidade e o espaço, sinônimo da passagem vertiginosa de imagens e sinais. (CHAUI, 1992:347).

É certo que a música tem uma importante influência na formação do imaginário dos estudantes. Se a escola não enfatiza essa importância estará abrindo espaço para que outras instituições encampem essa área do conhecimento. Já que é um campo do saber que trabalha a dimensão do sentir, das percepções finas do ser humano, o mercado através das agências de publicidade, aprofunda esse conhecimento e utiliza os veículos de comunicação, de forma extremamente competente, para os fins a que se propõe. Imagine uma propaganda veiculada em um horário de pico na audiência da Rede Globo. Quantos milhões de televisores estão ligados, e quantas pessoas não estão assistindo a cada um desses milhões de televisores? E todas, praticamente, ao mesmo tempo. Os publicitários estão certamente muito mais preparados para influenciar o imaginário dos adolescentes do que os professores. Os meios utilizados pelo mercado – através das encantadoras tecnologias - invadem o imaginário dos estudantes. As mídias educativas se aproximam muito lentamente em relação à rapidez tecnológica e à dinâmica social.

— Sala de aula: obrigação versus mídias: prazer
Essa é uma situação que cria um descompasso entre a sala de aula e a sociedade como um todo. A escola passa a ser o lugar chato, onde se prega o aprender por aprender, onde é exaltado o sacrifício, o sofrimento, o abdicar da brincadeira; enquanto isso, a televisão, a internet, a rua, as pichações, as gangues, etc, exaltam o prazer, a adrenalina, o encantamento, a diversão, a arte, a aventura entre outros prazeres.
O que a escola tem considerado importante, o estudante tem considerado uma chatice. E porque a escola, os professores, os pedagogos não conseguem seduzir seus alunos em relação à importância daquilo que eles elegem como tal? Talvez seja porque as linguagens estejam muito distantes. E como aproximar essas linguagens? Para haver essa aproximação, a escola deve abandonar todos os conteúdos historicamente considerados importantes?

Conhecer implica visão de totalidade, consciência ampla das raízes, dos desdobramentos e implicações do que se faz, para além da situação; consciência das origens, dos porquês e das finalidades. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2002:134).

Não é salutar o pensamento que defende o abandono de tudo o que foi produzido de conhecimento até aqui. Isso seria um irracionalismo. Mas, por outro lado, o conhecimento tem se ampliado de tal forma, e em tal velocidade, em especial com o advento da internet, que a escola, necessita rever a relação sociedade-escola-sala de aula sob pena de se tornar uma instituição obsoleta, a ponto de se tornar inviável.
É urgente a escola se preocupar com a dimensão da sensibilidade dos estudantes. Eles são diariamente seduzidos, encantados, através das novas tecnologias pela lógica mercadológica que dita as novas linguagens, os modos de se vestir, de sentir, de gostar e de não gostar, do que é belo e do que é paia, esse estado de encantamento os impede a realização da crítica e da reflexão.

Esse processo de revisão do imaginário, de adensamento de um novo lençol antropológico, terá seu lugar privilegiado na educação, universitária ou não. (COELHO, 2001:212).

É preciso a escola compreender como os estudantes se sentem no ambiente escolar. O que os faz sentirem-se realizados? Quais e como são definidos os seus desejos? Quais e como os seus gostos são formados? Entender como nossa população se reconhece e percebe quais valores são colocados em evidência para representar o Brasil são tarefas inerentes à educação. Não são de responsabilidade única e exclusiva da educação, mas certamente revelam o quão ela está umbilicalmente relacionada com uma educação comprometida com o seu povo e o seu tempo.

Não uma educação qualquer, nem uma educação baixamente finalista, por certo. Mas uma educação que trabalhe sobre as estruturas do processo de representação que o brasileiro está fazendo de si mesmo, através de sua cultura, e sobre a representação, nada entusiasmante, que a cultura em sentido amplo, nacional ou não, faz do ser humano nesse momento. (COELHO, 2001:212).

Os meios de comunicação deveriam estar sempre a serviço do bem coletivo. Ocorre que na maior parte dos casos, especialmente quando se trata da cultura, o efeito tem sido negativo. Valores culturais populares e eruditos são trocados por uma massificação midiática que impede a formação de um senso crítico. Quem seleciona o que é, ou não, importante para a sociedade são os meios de comunicação, ocupando um espaço e uma função que deveriam caber à educação, promotora essencial de discussões acerca da formação da identidade cultural do seu povo.

Os tempos não são mais da crença ilimitada que o Iluminismo manifestava na educação. No entanto, a educação ainda é um dos poucos recursos contra o esfacelamento social. (COELHO, 2001:212).

O professor na qualidade de não detentor de todo o conhecimento e reconhecendo que grande parte dos conhecimentos necessários para o desenvolvimento está, também, com os estudantes, deve buscar compreender como estes sentem, o que os faz felizes ou tristes, o que lhes causa dor ou prazer, o que os realiza ou frustra. Isso significa se colocar no lugar do outro,de forma a levar a sentir o que o outro sente e a perceber o mundo como o outro percebe. Essa é uma possibilidade de sintonizar as linguagens e criar um ambiente, uma atmosfera que reverencie a diversidade tornando-a una.
É necessário que percebamos que estamos inseridos em uma sociedade pedagógica. Libâneo (1998) bem exemplifica: “Nas mídias, há intervenção pedagógica na televisão, no rádio nos jornais, nas revistas, em todo material informativo (guias de turismo, enciclopédias, mapas, vídeos, jogos, brinquedos, etc.) pois a mídia atua na modificação dos estados mentais e afetivos das pessoas e nos modos de pensar, disseminando saberes e modos de agir e sentir”. O que, necessariamente, modifica as relações professor/aluno, aluno/escola e escola/sociedade.


4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

(...) na história da arte, as mesmas causas
nem sempre têm os mesmos efeitos, ou que
as causas são, talvez, demasiado numerosas
para que a análise científica logre esgotá-las
por completo. (HAUSER, 1982:53).

— Formação estética do Pessoal do Ceará: uma sociologia do gosto
Com o estudo da trajetória do grupo dos artistas, que ficou conhecido como Pessoal do Ceará, supõe-se que será possível clarear como a escola já se relacionava com a questão da formação estética dos alunos. Poderemos ter acesso ao conhecimento sobre o processo formativo desses que tomaram a arte como opção de vida, como realização pessoal.
Em suas trajetórias individuais é possível encontrar interseções formativas, no que se refere à influência escolar, familiar e social. Podemos perguntar: O que ou quem conseguia atingir a percepção estética daqueles futuros artistas?
A escola teve períodos de aproximação e afastamento das questões que se quer compreender – que envolvem a formação da percepção estética e da sensibilidade. Então, à medida em que a escola se afastou quem ou o que influenciou as formações estéticas dos estudantes? É certo que a sensibilidade do estudante é formada independente da escola estar ou não preocupada com a mesma, essa formação não deixará de acontecer. Mas então porque se ocupar em busca da formação dessa dimensão; ou porque não se ocupar dela?
O Pessoal do Ceará aflorou em um momento social de grande turbulência política. Chegou anunciando a liberdade, engrossando o coro de Caetano Veloso com É proibido proibir. Havia também um espírito fraterno latino-americano que ecoava do Clube da Esquina de Minas Gerais, traduzido em 1980 pela Canção da América de Milton Nascimento e Fernando Brant, cantando a saudade dos companheiros de luta que sucumbiram à repressão ou dos que iam para o exílio nos anos de chumbo: Qualquer dia, amigo, eu volto pra te encontrar, qualquer dia, amigo, a gente vai se encontra (...).
Fazendo uso das atribuições que a liberdade lhes facultava; o Pessoal do Ceará gravou no disco-marco- Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem - a toada Dono dos teus olhos de Humberto Teixeira. No disco Chão Sagrado, dessa feita reunindo apenas Rodger de Rogério e Tetty, foi gravada a música Sinhá Mariquinha de Luiz Assumpção e Evanor Pontes; o que revela uma ligação com músicas que os influenciaram no passado. Por outro lado, de acordo com a bandeira da liberdade, na música A mala de Rodger de Rogério e Augusto Pontes, também registrado no disco-marco, é utilizado um sintetizador que remete o ouvinte a uma sonoridade psicodélica. O que não impediu de, no mesmo long play, Ednardo registrar seu maracatu Terral. Toda essa diversidade foi de alguma forma construída no imaginário daqueles jovens. O problema específico, ou delimitado que quero entender é como se deu essa formação.
O Brasil vivia um ambiente politicamente conflituoso, em pleno regime militar, a arte era uma forma de expressão extremamente forte, ao mesmo tempo que conseguia penetração sem ser totalmente barrada pelos equipamentos repressivos dos militares. O disco de Caetano Veloso, intitulado Transa, gravado em 1972 na Inglaterra, quando estava no exílio, traz em uma das faixas a música Mora na Filosofia de Monsueto Meneses e Arnaldo Passos onde perguntam: pra que rimar amor e dor? Enquanto os militares provocavam extrema dor em nome do amor à pátria. Em que medida esse ambiente influenciou suas obras?
A escola perdeu espaço no que se refere à influência na formação dos jovens das décadas de 50 e 60 ou o fenômeno educativo foi ampliado para outras instâncias sociais? Na hipótese de uma ampliação do fenômeno educativo, os professores avançaram de forma associada à situação política ou se colocaram à parte? A escola se associou às questões inquietantes ou se protegeu sob o manto sagrado legado pela escolástica?
As múltiplas perguntas podem nos levar a várias análises. Não obstante, podemos direcioná-las à compreensão de um aspecto: como se deu a formação da sensibilidade estética de um grupo de artistas que ficou conhecido como Pessoal do Ceará?

5. OBJETIVOS DA PESQUISA

— Geral

A pesquisa propõe investigar a formação estética do Pessoal do Ceará.


— Específicos

1. Aprofundar, para o âmbito da reflexão curricular, os referenciais estéticos da década de setenta;
2. Contribuir para a reflexão do ensino de artes, oferecendo subsídios para um ensino de música mais sintonizado com seu tempo e espaço;
3. Verificar a influência das culturas de massa nos currículos escolares;
4. Analisar as relações de poderes entre as disciplinas curriculares.


6. QUADRO TEÓRICO
“Arte e ciência são encontros e
reencontros com a realidade.”
(Matos, 2001)

— A função das teorias
As teorias que servirão de base à pesquisa aqui proposta são leituras de uma realidade do ponto de vista de cada autor. Não são absolutas nem definitivas. Mas então por que a utilização de tais teorias? Porque são experiências que auxiliam na iluminação dos passos que se pretende ousar no caminho em busca da compreensão da formação humana.

(...) o papel das teorias é o de iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação, que permitam questionar as práticas e, ao mesmo tempo, pôr as próprias teorias em questionamento, uma vez que são explicações sempre provisórias da realidade”. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2002:179).

Não é a primeira vez que o grupo Pessoal do Ceará integra, na qualidade de sujeito ou de objeto, uma pesquisa acadêmica[8]. Os estudos aqui propostos não têm a pretensão de desqualificar ou refutar outros estudos já realizados. A pesquisa na área das ciências humanas não se dá em um laboratório hermeticamente fechado em condições ideais artificialmente criadas sem a interferência do contexto. E essa é a riqueza maior do estudo nessa área do conhecimento.
O ser humano está tecendo e sendo tecido em uma rede de relações. Por mais que esse projeto esteja sendo escrito na terceira pessoa, em busca de um estranhamento, não é produtivo alimentar falsas neutralidades.


— Qual o melhor conhecimento?
Existem várias formas de pensar a existência, vários caminhos. Qual o mais adequado? Qual o melhor? Qual o mais importante? Qual o verdadeiro?
Todas as perguntas feitas acima pressupõem uma hierarquia entre possíveis formas de conceber ou entender a existência; o que conduz a outra pergunta: é possível hierarquizar saberes ou conhecimentos?
A civilização ocidental busca constantemente sentir-se superior. A Inglaterra quer se sobrepor à França que quer se sobrepor aos Estados Unidos que quer dominar o mundo. O professor de química se acha mais importante que o de física, que se acha mais importante que o de matemática, que se acha mais importante que o de português etc.
Foi criado, com o advento do Iluminismo, o mito do saber científico. As pessoas corriqueiramente afirmam entre si: “pode confiar que foi provado cientificamente que ‘tal coisa’ vai funcionar”. O que a maioria das pessoas não dá conta é que um dos critérios de cientificidade é a precariedade das suas conclusões; ou seja, se é o conhecimento científico que afirma, então está implícito que a qualquer momento pode mudar. É a verdade até onde a ciência enxerga no momento.
Então como encontrar uma orientação, se a bússola da ciência é incerta?
Uma boa maneira de se posicionar diante do complexo fenômeno da existência é buscando compreender os seres humanos – até porque são esses que complexificam as coisas. Para um gato, um cachorro ou qualquer outro animal irracional, a vida não tem nada de complexa, ela transcorre de acordo com seus instintos naturais. Não obstante para o ser humano a coisa se torna totalmente diferente e é exatamente nas nossas relações que se pode verificar essa complexidade. Seguindo o pensamento de Norbert Elias

(...) a individualidade que o ser humano acaba por desenvolver não depende apenas de sua constituição natural, mas de todo o processo de individualização (...) a formação individual de cada pessoa, depende da evolução histórica do padrão social, da estrutura das relações humanas (ELIAS, 1994:28).

Logo, não há como hierarquizar os saberes, pois quem produz saberes são as pessoas e as pessoas estão em constante mudança; moldam-se mutuamente de acordo com determinadas forças sociais. Quem produz a legitimidade de um saber é a sociedade, logo é uma construção social. Seria um equívoco afirmar que o conhecimento científico francês é mais ou menos importante que o conhecimento rural do chinês.
Continuando com Elias ele afirma que o homem foi acostumado a se perceber de forma a separar um “lado de dentro” e um “lado de fora”; e que, portanto, dentro de cada um existe uma natureza individual que se relaciona com as coisas externas. Como para entender os saberes e os conhecimentos essa pesquisa escolheu como caminho entender o ser humano que produz esses saberes e conhecimentos, é necessário compreendê-los em suas relações. Ainda segundo Norbert Elias

Somente quando o indivíduo pára de tomar a si mesmo como ponto de partida de seu pensamento, pára de filtrar o mundo como alguém que olha de “dentro” de sua casa para a rua “lá fora”, para as casas “do outro lado”, e quando é capaz – por uma nova revolução copernicana em seus pensamentos e sentimentos – de ver a si e sua concha como parte da rua, de vê-los em relação a toda rede humana móvel, só então se desfaz, pouco a pouco, seu sentimento de ser uma coisa isolada e contida “do lado de dentro”, enquanto os outros são algo separado dele por um abismo, são uma “paisagem”, um “ambiente”, uma “sociedade” (ELIAS, 1994:53).


— Educação: um fenômeno complexo
A dicotomia objeto/sujeito tem causado inúmeras discussões e não é ponto pacífico entre os pesquisadores. O objeto já existe a priori e a teoria irá revelá-lo? Ou a teoria é uma das inúmeras leituras possíveis para a compreensão do que se quer entender? Essa pesquisa deverá guiar-se pela segunda posição.
As demais pesquisas e as teorias são imprescindíveis para um estudo mais aprofundado. Não seria inteligente repetir erros já cometidos ou voltar ao marco-zero como se nada tivesse sido analisado antes do estudo que ora se inicia. Seria um equívoco desconsiderar todo o esforço intelectual empreendido até aqui. O que, por outro lado, não significa, como já foi afirmado, que existam saberes absolutos, o que desqualificaria outros possíveis estudos.

A “teoria” não se limitaria, pois, a descobrir, a descrever, a explicar a realidade: a teoria estaria irremediavelmente implicada na sua produção. Ao descrever um “objeto”, a teoria, de certo modo, inventa-o O objeto que a teoria supostamente descreve é, efetivamente, um produto de sua criação. (SILVA, 2003:11)

Para compreender a trajetória formativa dos integrantes do Pessoal do Ceará é necessário uma análise dos diversos vetores sociais do período em que foram se formando as opções estéticas dos mesmos.
Não é necessário creditar toda a responsabilidade à escola. Freqüentemente existe a tendência de transferir à instituição escolar todo ônus gerado pelas possíveis lacunas na formação humana. O professor não deve se sentir sozinho, ele não é nem o redentor nem o carrasco do mundo.

O desafio é educar as crianças e os jovens, propiciando-lhes um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo. Tal objetivo exige esforço constante de diretores, professores, funcionários e pais de alunos e de sindicatos, governantes e outros grupos sociais organizados. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2002:12).

O estudo aqui proposto não deve ser um juízo de valor sobre as práticas escolares. As análises feitas a partir das propostas aqui colocadas deverão colaborar no sentido de fornecer subsídios para a autonomia crítica dos profissionais da educação. Modestamente pretende-se chamar a atenção para uma possível ampliação das percepções, das sensibilidades dos alunos e professores a partir da análise de como aconteceu o processo de formação dos integrantes do grupo Pessoal do Ceará.
Contudo, é importante que se mantenha uma postura crítica, estando atento para os conflitos inerentes à própria sociedade. A educação é um lugar de tensões políticas e de disputas de poder. Quem decide o que é ou o que não é importante para a formação humana? A quem interessa essa ou aquela formação? Por ser um espaço de lutas sociais está em constante mudança. Essa dinâmica coloca o pesquisador e os sujeitos da área educacional em contato constante com o novo, o incerto, o efêmero.

No enfoque hermenêutico ou reflexivo, o ensino é uma atividade complexa que ocorre em cenários singulares, claramente determinados pelo contexto, com resultados em grande parte imprevisíveis, carregada de conflitos de valor, o que requer opções éticas e políticas. O professor, por sua vez, deve ser um intelectual que tem de desenvolver seus saberes (de experiência, do campo específico e pedagógicos) e sua criatividade para fazer frente às situações únicas, ambíguas, incertas, conflituosas nas aulas, meio ecológico complexo. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2002:185).

Por outro lado é necessária a atenção para que a observação não caia nas armadilhas da modernidade a serviço do embotamento da realidade. A análise não deve ser superficial. Mesmo que se admita ser um recorte da realidade, um ponto de vista, esse deve ser analisado com discernimento e prudência. Ainda que se perceba os saberes e conhecimentos imbricados em uma rede de relações e forças sociais que portanto não estão isolados, estes devem ser examinados minuciosamente para que tenham validade acadêmica.


7. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE INVESTIGAÇÃO

“Afirmamos que todo ensino deve estar
baseado na alegria da descoberta...”
(Matos, 2001)

A própria pesquisa é uma trajetória feita através de escolhas. As possibilidades são diversas e algumas definições se imporão pela natureza própria do trabalho acadêmico. O caminho a ser percorrido por essa pesquisa determinará inextricavelmente seu resultado e, inevitavelmente, participará da formação da subjetividade do pesquisador.
Portanto, por um lado, entendendo a trajetória da pesquisa como uma seleção de procedimentos metodológicos, de sujeitos, de perguntas a serem respondidas, chega-se à construção de um currículo para a pesquisa. Por outro lado, o objeto de estudo da mesma são as trajetórias formativas da sensibilidade onde certamente encontraremos currículos. Logo, a pesquisa será a escolha de uma trajetória que determinará o ângulo de exame de outras trajetórias.

Se quisermos recorrer à etimologia da palavra “currículo”, que vem do latim curriculum, “pista de corrida”, podemos dizer que no curso dessa “corrida” que é o currículo acabamos por nos tornar o que somos. (SILVA, 2003:15)

— Referencial metodológico da investigação
O estudo do saber produzido no Ceará em um contexto político, que vem de antes do período do governo militar e chega ao encontro do mesmo, com conseqüências em todo o território nacional, mas que tem desdobramentos culturais próprios da nossa região e, portanto com características próprias, revela que o trabalho aqui proposto é marcadamente de cunho etnográfico e de caráter qualitativo, como é descrito abaixo:

(...) uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais. Designamos esta abordagem por ‘Investigação Qualitativa’” (BOGDAN & BIKLEN, 1994).

Os aspectos culturais desse trabalho se fundamentam em um modelo de pesquisa qualitativa, tendo em vista que este contempla o cotidiano, as conversas, o processo de criação artística, a construção de novas idéias e inovadoras propostas de expressão musical. E como falam Bogdan e Biklen, a pesquisa qualitativa tem como objetivo “investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em seu contexto natural” (1994:16).

— O universo a ser pesquisado
O estudo será realizado na cidade de Fortaleza, lugar onde nasceu o movimento Pessoal do Ceará. Para reconhecer as influências formativas do mesmo buscaremos encontrar os artistas e intelectuais envolvidos com o movimento.

— Os sujeitos da pesquisa
- Artistas e intelectuais do grupo Pessoal do Ceará: Alguns dos artistas também são intelectuais que atuam no ensino e na pesquisa - o que trará uma maior facilidade para enriquecer a pesquisa em conseqüência do entendimento, por parte desses intelectuais, a respeito da importância do trabalho aqui proposto.
Seguindo uma ordem de aproximação com o centro do problema:
1 – Compositores (músicos e letristas) e intérpretes (instrumentistas e cantores)
2 – Produtores e/ou agitadores culturais
- Ednardo, Rodger, Teti, Belchior, Fagner, Brandão, Dedé, Ricardo Bezerra, Cirino, Fausto Nilo, Descartes Gadelha, Pepe, Augusto Pontes, Cláudio Pereira, Francis Vale, Petrúcio Maia e Edson Távora.

— Procedimentos e Instrumentos de Investigação
Naturalmente um aprofundamento nos estudos sobre currículo, em seu sentido amplo, incluindo suas várias correntes de pensamento, do ponto de vista da educação, obviamente, mas também, apoiados pelas contribuições das áreas da filosofia, sociologia e história, deverá constituir a luz a guiar toda a investigação.
Visto que esse trabalho buscará identificar os referenciais estéticos dos estudantes que vieram a integrar o grupo Pessoal do Ceará, e, em especial, analisar as trajetórias formativas das suas sensibilidades, deveremos embasar esse entendimento nos estudos sobre “arte e educação[9]”.
A compreensão dos significados estéticos que se mantiveram ou ficaram esquecidos no caminho, e que constituíram as opções artísticas do Pessoal do Ceará, será apoiada pelos conceitos de representação, identidade, subjetividade, cultura, indústria cultural, arte. Acreditamos que com esses embasamentos poderemos enxergar o(s) currículo(s) percorrido(s) pelos sujeitos da pesquisa como local ou locais de produção de identidade - ou identidades - de fundamental importância para o entendimento da formação da sensibilidade que estamos em busca. Continuando nessa linha de pesquisa poderemos entender as conexões entre currículo, conhecimento, estética, subjetividade, identidade e poder.
A música foi a principal linguagem utilizada pelos artistas cearenses que integraram o movimento artístico Pessoal do Ceará, dessa forma será fundamental a análise dos elementos dessa linguagem, a identificação do estilo ou dos estilos desses músicos, as opções nas construções harmônicas, melódicas e rítmicas. Nesse sentido o disco (long-play) Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem, gravado em 1972 e lançado em 1973, e que foi o marco desse grupo, será objeto de uma análise mais detalhada do ponto de vista musical.
Os meios de comunicação estão na base do entendimento sobre o reconhecimento – ou não reconhecimento – da produção artística do grupo de artistas que pretendemos estudar. A relação da media com a educação e da media com o grupo Pessoal do Ceará estarão dessa forma no centro da atenção. Para melhor entendimento dessas relações, os conceitos sobre cultura de massa serão de vital importância.

— As formas de registro
Todos esses conceitos teóricos deverão ter um encontro com a realidade. Pretende-se então em entrevistas com os integrantes do Pessoal do Ceará recolher seus depoimentos, através de gravações de áudio e filmagens. Os depoimentos deverão ter como ponto de partida perguntas que proporcionem liberdade aos “entrevistados” para a narração de acontecimentos que considerem importantes. O teor mesmo das perguntas será decidido junto ao orientador.
Aproveitando que quase todos que estiveram ligados ao Pessoal do Ceará retornaram à Fortaleza, ou pelo menos tem uma base familiar e/ou profissional aqui, é possível verificar suas opiniões a respeito de nossas hipóteses sobre os significados das diversas influências sobre suas opções estéticas. Além de aproveitarmos para enriquecer o trabalho com dados que os mesmos considerem relevantes e que por ventura ainda não tenhamos percebido.
Poderá ser necessário apresentar imagens gravadas em vídeo, áudio ou em formato digital, para isso utilizaremos data show.

— Análise dos dados
Como é previsto pelo processo de investigação qualitativa, os dados coletados tanto através dos estudos dos currículos como dos depoimentos dos sujeitos investigados serão organizados com o objetivo de proporcionar a elaboração de categorias de análises, que permitirão a construção de uma síntese explicativa dos pontos suscitados por essa pesquisa.
Nesse trabalho não se pretende uma falsa imparcialidade; antes, serão reconhecidos os laços afetivos com todos que, ao cruzarem os caminhos da pesquisa, também aceitem o envolvimento nessa construção. A dimensão humana do sentimento é imprescindível na busca da compreensão das produções artísticas que, justamente, englobam a dor e o prazer. Sem perder o senso crítico, pretende-se manter a ligação à natureza das coisas: do trabalho em si, das obras estudas, e especialmente das pessoas.
Dessa forma certamente será possível adquirir o suporte necessário para a criação e defesa do trabalho final: a dissertação.


— Material a ser utilizado:
- Filmadora;
- Máquina fotográfica;
- Gravador;
- Diário de campo;
- Computador;
- Data show

8. CRONOGRAMA

Os caminhos a serem percorridos pela pesquisa serão, naturalmente, modificados de acordo com as observações do professor orientador e de acordo com os desafios e necessidades inerentes ao próprio trabalho acadêmico. Especialmente quando se quer realizar um trabalho guiado pela razão sem perder de vista a dinâmica das relações subjetivas que serão tecidas no decorrer dos estudos e que são próprias das áreas humanas e que é o caso desse projeto.

FASE 1- Teorização
Aprofundamento teórico através das disciplinas para a formação de conceitos que integrarão o arcabouço teórico para sustentação e fundamentação da idéias propostas
Primeiro a terceiro semestres de trabalho
FASE 2 –
Seleção de material
Recolhimento de dados através de depoimentos e documentos relacionados ao Pessoal do Ceará e relativo aos currículos e depoimentos de alunos e professores das escolas estaduais a serem pesquisadas
Segundo e terceiro semestres
FASE 3 –
Análise dos dados
Por se tratar de uma pesquisa de cunho etnográfico, que tem como uma de suas características a existência de um esquema aberto e artesanal de trabalho que permite um transitar constante entre observação e análise, entre o teórico e o empírico, a análise de dados não estará descolada do momento da sua coleta.
Segundo e terceiro semestres
FASE 4 – Redação da dissertação
Formatação do trabalho final e defesa da dissertação
Terceiro e quarto semestres



9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AIRES, Mary Pimentel. O Pessoal do Ceará; um movimento geracional em busca de sua identidade cultural e musical. In: CHAVES, Gilmar. Ceará de Corpo e Alma. Rio de Janeiro-RJ. Relume Dumará, 2002.
BOGDAN, Roberto C. & BIKLEN, Sari Knopp. Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994.
CHAUÍ, Marilena. Ética. Organização Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura, 1992.
COELHO, José Teixeira. Moderno pós moderno. 4ª Edição. São Paulo-SP: Iluminuras, 2001.
COLARES, Edite. Ensino de Arte e Educação. Fortaleza-CE: Brasil Tropical, 2001.
_____ Viagem através da música ocidental In: COLARES, Edite. Ensino de Arte e Educação. Fortaleza-CE: Brasil Tropical, 2001
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1994.
___________. Mozart, sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1995.
HAGUETTE, André. Filosofia? É só filosofar. Fortaleza: Geo Stúdio, 1996.
HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1892.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Cortez Editora, 1990.
_________. Adeus professor, adeus professora? São Paulo: Cortez, 1998.
MATOS, Elvis de Azevedo. Musicalização e Musicalidade. In: COLARES, Edite. Ensino de Arte e Educação. Fortaleza-CE: Brasil Tropical, 2001.
_____ Arte e Ciência – A função da Arte na Construção do Conhecimento. In:.
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais:arte / Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. – 3. Ed – Brasília: A Secretaria, 2001.
PIMENTA, Selma Garrido & ANASTASIOU, Lea das Graças Camargos. Docência no Ensino Superior – volume I. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Docência em Formação).
ROUANET, Sérgio Paulo. As razões do iluminismo. São Paulo-SP: Cia das Letras, 1987.
SILVA, Tomas Tadeu da. Documentos da Identidade; uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte-MG: Autêntica Editora, 2003.
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romancede30/2003/07/07/000.htm
http://www.mpbnet.com.br/musicos/lobao/
http://www2.uol.com.br/lobao/
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?nome=R%E1dio+T%E1xi&tabela=T_FORM_E

[1] Porque não um período maior que viesse da infância ao período que afloraram socialmente suas obras? Porque para uma análise mais segura, dentro do tempo disponível de um ano e meio, que me resta, para o mestrado, me parece prudente delimitar esse período em no máximo cinco anos. Não obstante, com base nos depoimentos e entrevistas dos sujeitos da pesquisa,esse período poderá ser modificado no decorrer da pesquisa em comum acordo com o professor orientador, sempre visando uma melhor análise dos dados.
[2] As primeiras emissoras de rádio do Brasil ampliaram o alcance e a qualidade de som para em seguida, cativar o público. Os programas de variedades obtiveram repercussão imediata e neles a música popular ocupava papel preponderante. (Devemos lembrar que pouquíssimas famílias possuíam gramofones ou as “modernas” vitrolas.) Por isso, as emissoras de maior audiência (Record, Tupi, Mayrink Veiga, Nacional) começaram a contratar, com exclusividade, orquestras e cantores. Como, mesmo assim, faltavam artistas, surgiram programas de calouros cujo prêmio principal era a assinatura de um bom contrato.
Embora a época de ouro do rádio brasileiro acontecesse nas décadas posteriores (40 e 50), nomes inesquecíveis da cultura popular já tinham aparecido nos anos 30: compositores como Lamartine Babo, Ari Barroso; cantores como Orlando Silva, Chico Alves, Sílvio Caldas, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira e outros.
[3] As Cantoras do Rádio são admiráveis cantoras que ficaram famosas nos áureos tempos das rádios Nacional, Tupi, Tamoio e outros prefixos. Carmélia Alves, Ellen de Lima, Nora Nei, Violeta Cavalcanti, Zezé Gonzaga, Rosita Gonzáles. A clássica marcha "As Cantoras do Rádio" de Lamartine Babo (1904-1963), Alberto Ribeiro (1902-1971), e João de Barros (RJ, 29/3/1907) foi gravada originalmente na Odeon em 1936 por Carmen e Aurora Miranda, acompanhadas pela orquestra da própria gravadora sob a regência de S. Bontman e lançada em discos 78 rpm. Outras gravações conhecidas são as de Carmélia Alves, Chico Buarque/Nara Leão/Maria Bethânia (1972), As Frenéticas (1977), Carmélia Alves/Nora Ney/Violeta Cavalcanti/Ellen de Lima/Zezé Gonzaga/Rozita Gonzales (As Cantoras do Rádio, 1991), Golden Boys, entre outras.
[4] Lobão é o João Luís Woerdenbag Filho que nasceu no Rio de Janeiro RJ em 11 de Outubro de 1957. Cantor, compositor e músico, iniciou sua carreira como baterista em 1975 com o grupo Vímana. A sua primeira aparição para o grande público foi tocando bateria numa peça da atriz Marilia Pêra.Em 1982 lançou seu primeiro trabalho solo “Cena de Cinema” pela gravadora RCA (hoje, BMG).Em 1984 montou uma banda chamada Lobão e os Ronaldos.
[5] Música de Lobão, Arnaldo Brandão e Tavinho Paes gravada por Lobão em 1987 no disco intitulado Vida Bandida pela gravadora BMG.
[6] Grupo pop formado por Willie (voz), Maurício (guitarra e voz), Vander Taffo (guitarra), Lee Marcucci (baixo) e Gel Fernandes (bateria) na cidade de São Paulo em 1982. A maioria de seus integrantes era de ex-músicos de apoio de Rita Lee. No mesmo ano, assinou contrato com a CBS e lançou cinco LPs, cujo repertório consistia basicamente em baladas românticas com roupagem pop.
[7] Nessa escola não se usa a nomenclatura “boletins” para o lugar onde se lançam as notas; em substituição existe um nome que é utilizado somente por essa escola em Fortaleza, portanto não revelarei o “nome dos boletins”, pois assim estaria indiretamente revelando o nome da escola. Portanto utilizo simplesmente os nomes “pastas” e “fichas”.
[8] A título de exemplo de outras pesquisas Mary Pimentel Aires - socióloga, professora da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade de Fortaleza –entre outros artigos publicou “O Pessoal do Ceará – um movimento geracional em busca de sua identidade cultural e musical”. Josely Teixeira Carlos ingressou em 2005.1 no Curso de Mestrado em Lingüística da Universidade Federal do Ceará com o projeto “A interdiscursividade nas canções de Belchior”. O professor Gilmar de Carvalho do Curso de Comunicação Social da UFC, produziu artigo intitulado “Referências cearenses na comunicação musical de Ednardo. O pesquisador Wagner José Silva de Castro concluiu o Curso Especialização em Perspectivas e Abordagens em História da Universidade Estadual do Ceará com a monografia “Meu corpo minha embalagem todo gasto na viagem: artistas cearenses do CPC, da universidade e bares”.
[9] Utilizo aspas na expressão “arte e educação” por ser um conceito ainda em formação. Justamente pela falta de maior clareza do papel do profissional de artes no âmbito educacional - ou do artista que ensina ou do professor que utiliza a linguagem artística em sala de aula. Alguns autores preferem grafar com o hífen: “arte-educação”.

2 comments:

Unknown said...

valeu pedro, por ter disponibilizado a monografia aqui na internet.

abraços

Anonymous said...

Caro Pedro,
Acabei de ver o link da sua dissertação no Orkut. Em 2006 defendi uma tese sobre a censura e a repressão aos músicos no Brasil e em Portugal. Fiz uma breve referência ao Pessoal do Ceará para falar do descuido dos pesquisadores com outros movimentos musicais fora do Sudeste. Em minha tese fiz a referência a sua dissertação muito embora não tivesse acesso à ela na altura. Valeu por disponibilizá-la por aqui. A minha tese estava on line, mas a Unesp está fazendo ajustes no sistema de teses on line.
Busquei teu e-mail no lattes
Um abraço.
alexandre felipe fiuza
alefiuza@terra.com.br